Quer beber alguma coisa?

Fazendo uso de palavras, acentos e sinais de pontuação na tentativa de traduzir os gritos e os sussurros da alma...

29 de dezembro de 2011

Esperando 2012


Sem previsões astrológicas, apostas futuras ou palavras de sorte: termino 2011 com a sensação de dever cumprido!
Um ano deveras multifacetado. De grandes e memoráveis acontecimentos até as mais desastrosas catástrofes. Foi assim, entre ápices e declives que 2011 me deu um tapa na cara e disse: “bora vê garota, acorda que a vida não para e o tempo urge!”. E logo depois me ofereceu um copo de abacaxi com hortelã, batido com gelo e açúcar, como só ele soube fazer.
Rememoro as lágrimas derramadas, as inúmeras gargalhadas, as farras e barras, lutas e causas, as perdas de quem vi partir, as cinzas e cacos catados, os voos alçados... E nessas horas me perco entre o afago daqueles que por mim passaram, os de longe ou de perto, em muitas palavras ou pouco silêncio, e a bondade de Deus. Como não reconhecer suas dádivas? Obrigada Deus pelo dom da vida, pela saúde, família, amigos, o sorriso do meu filho, o brilho dos olhos de tantas crianças, os tostões no bolso, os bebês que vi nascer, amores que vi crescer... Por acreditar. E sabe, nada disso por esforço ou mérito, apenas pura graça.
Um ano de muito aprendizado. De cansaço, mas de muitos recomeços. De perdas e encontros, e sabe, o melhor é perceber que tudo aquilo que se (re)encontra pode superar, e muito, aquilo que se foi! Talvez pelo valor simbólico ou por pura nostalgia, é exatamente nesse período do ano que mais me apaixono pela vida e digo: “putz, vale muito viver!”. É um olhar para trás enfadado, endurecido até, mas de coração abrandado.
E nesse mesmo sentimento, aguardo 2012. Esperando-o como quem acredita! Sem trevos ou pés de coelho. Apenas muito pé de riso!
Espero e acredito não achando que uma simples mudança no calendário, de 31 de dezembro pra 01 de janeiro modificará por si só a tudo. Ledo engano. Quero apenas viver um "1º de janeiro" hoje, todos os dias! Não importa se será em maio, julho ou agosto. Pouco importa. Quero mesmo é agir ao final do ano, de cada dia, entendendo que é um fim de cada vez, e que com eles, viram-se páginas e fecham-se ciclos. Mas quero muito também não me calar à conformidade da vida.
Quero nunca deixar de querer!
Quero acreditar na bondade, na beleza pela autenticidade. Quero continuar me incomodando com tudo aquilo que agrida a integridade e a natureza dos homens e dos bichos. Permanecer engasgada com a injustiça, as inverdades, com o benefício próprio em detrimento do bem comum; estar intensamente obstinada a fazer tudo o que não parecer relevante ou significativo por ser simples ou pequeno demais para valer em uma terra de gigantes. Quero saúde em todas as casas, e quando ela não existir, que ao menos exista a chance de lutar pela vida até sua última gota. Pratos cheios e coloridos nas mesas ou nas mãos de quem os segura; quero menos polícia e repressão, não para corroborar o discurso cansado de que não temos segurança, mas porque outras possibilidades surgiram no caminho de quem a vida parece ter se revelado apenas violentamente.
Quero querer e o quero sem demagogias, sem pretensões. Apenas como quem acredita e deseja girassóis em todas as janelas. E mais do que querer ou acreditar, quero mãos e pés que, possivelmente cansados, persistam em continuar. E que nesse caminho que continua, que muitos continuem. Tantos outros continuem.
Um último desejo para 2012?
A todos os seres viventes, todo o amor que houver nessa vida!