Pode parecer clichê, mas todo mundo tem uma história. E quer saber? Eu também tenho a minha. De preferência um rascunho, porque assim não tenho que me preocupar em estar sempre com uma caligrafia caprichada, vocabulário rebuscado ou a gramática na ponta da língua (ou do lápis).
Como em um rascunho posso escrever, ora registrando palavras pensadas, ora rabiscando ideias soltas; posso ser um tanto confusa entre sinônimos, antônimos e significados ou indecisa se devo usar advérbio de modo ou de tempo. Posso colocar tantas vírgulas, pontos de exclamação ou interrogações quiser (e garanto, não são poucos!). Posso abrir e fechar “aspas” (assim como muitos parênteses).
Como em um rascunho posso criar e suprimir parágrafos. Posso alternar a ordem, melhorar os adjetivos e fazer uso dos substantivos. Devo admitir que fabuloso também é poder escolher que tipo de oração me cai bem, e se o sujeito estará simples, composto ou inexistente (nada de ocultos, definitivamente eles não me atraem).
Como em um rascunho, eu tenho e crio minha história. E até agora, tenho sete vidas, uma tatuagem, um coelho de olhos bem vermelhos, alguns textos escritos, uma margarida acolchoada na cabeceira da minha cama, alguns tostões no bolso e um coração maior que o peito. Tenho também algumas dúzias de sorrisos, o “mamãe” mais aveludado do planeta, muita gente linda pelo caminho e uma enorme vontade de continuar escrevendo. Uma vontade que nada para, nada muda.
Vontade de continuar escrevendo meus dias, minha vida, minha história. É certo que por vezes devo trocar uma palavra aqui, conjugar outro verbo ali, modificar um sinal gráfico acolá. Mas sem culpa por borrar uma linha ou outra, por nem sempre ser coerente na sequência lógica dos fatos, por desalinhar ou desafinar de vez em quando, entendendo que tudo faz parte do processo de criação dessa história, desse livro que é a vida. E principalmente, como em um rascunho, vontade de escrever sem medo. E saber que posso recomeçar sempre que preciso.