Quer beber alguma coisa?
Fazendo uso de palavras, acentos e sinais de pontuação na tentativa de traduzir os gritos e os sussurros da alma...
18 de março de 2012
8 de março de 2012
SIM, NÓS TEMOS PEITO!
Paridas em dores e de todas as cores.
É assim que somos.
Românticas, às vezes (ou tantas vezes) confusas,
delicadas, mas com couro mais grosso do que qualquer jacaré.
Sabemos muito bem o que é ganhar, perder,
dissecar, florescer,
renascer das cinzas.
Conhecemos muito bem dores, engasgos, retalhos.
O não que vez ou outra teima por dar de frente em nosso caminho.
Somos experimentadas em frios do corpo e da alma,
em estradas de pedregulhos e tapetes de lã,
em fios de doce e ervas amargas.
Sei que Deus e sua natureza
não nos contaram com todas as palavras
os segredos que permeiam esse universo de estrógenos.
Mas descobri – como quem descobre um importante segredo,
que temos no mínimo seis braços,
capazes de cercar e envolver com toda doçura
aqueles a quem queremos bem.
Temos também uma boca enorme, gigantesca,
que (além de funcionar como válvula de escape),
permite-nos os mais sinceros e espontâneos sorrisos.
Sussurros. Ou gritos.
Temos pernas, todas elas,
arrebatadoras, apressadas, dispostas ou até cansadas
que tornam possíveis os passos largos e saltos
constituintes de nossos caminhos.
À imagem e semelhança do Criador,
somos também um tiquinho “onipresentes”.
Estamos na arrumação das casas, na troca das fraldas e nas mamadeiras,
nos jantares quentinhos, na funcionalidade das instituições e empresas,
na academia, nos teatros, nos salões,
pensando o mundo, agregando multidões.
Somos e estamos em tantos lugares!
Neste exato momento, tornando esperanças,
gritando – pode ser com voz até rouca -
que somos, estamos aqui, estamos vivas e vivendo,
rasgando nossas entranhas para trazermos mais um à luz.
E se não rasgamos o ventre, o fazemos por dentro.
De modo sublime.
Tudo pelos aloprados corações que temos,
tão elásticos que nos permitem amar para além dos olhos ou da vista.
Pensando assim é que nos orgulhamos
de cada ponta dupla ou unha quebrada.
É nessa hora que podemos erguer nossos braços, flácidos ou não,
e dizermos com força e leveza:
Sim, nós temos peito!
4 de março de 2012
3 de março de 2012
Do querer

Tinha vontade de um lugar seguro, onde eu pudesse fechar os olhos e, como quem voa, ser leve e levada ao vento. Na verdade, eu tenho vontade. Eu quero. Aqui mesmo. Tenho as certezas do chão, mas quero também flutuar. Sonho, sonho muito, sonho sempre, de olhos bem abertos, e isso me motiva a viver. Viver para viver mais e mais. Viver para alguém, para os outros, em favor de outros. Simplesmente viver! Quero viver com mais sorrisos para iluminar aquilo que parecer turvo ou desconhecido. Se necessário, quero também mais lágrimas para lavar a alma e regar a terra seca. Quero gritos para cobrir os sussurros, gritos de ecoar e balançar a cabeça. Quero ver tudo o que puder para saber o que existe e quero sentir para acreditar que também existe aquilo que não vejo. Quero amar, sem medida nem estranhamento, sem dúvidas e repleta de disposição, para jamais me esquecer de que não morri, estou viva! Estou viva e vivendo. Quero saber ver o todo, o conjunto, o coletivo, mas quero saber também singularizar para nunca deixar de entender que cada pessoa tem sua forma. Quero histórias para paradoxar a vida, quero histórias que façam e contem a minha vida. Desejo deixar em cada uma delas um pouco ou tudo de mim. E eu deixo. Deixo-me inteiramente. Quero permanecer crendo para cada vez mais ter mais fé. Não a mera confiança nas coisas sobre as quais posso intervir, mas a do tipo de me lançar para trás, de olhos fechados. Quero aprender a ouvir para direcionar o olhar, mergulhar e emergir outra, nova de novo. Quero muito. Quero querer, quero mais eu, quero mais tudo. Ingênua ou não, nas palavras encontro a forma mais eficaz de traduzir sentimentos. Seja para compreendê-los, seja para petrificá-los. Às vezes doem, às vezes fazem cócegas. Mas são puramente o que sinto, como os sinto, estão aqui. Flutuando ou tocando o chão, estão indo em direção ao alvo certo. Eles vão. E certamente não voltarão os mesmos.
10 de janeiro de 2012
Essa coisa de história
Pode parecer clichê, mas todo mundo tem uma história. E quer saber? Eu também tenho a minha. De preferência um rascunho, porque assim não tenho que me preocupar em estar sempre com uma caligrafia caprichada, vocabulário rebuscado ou a gramática na ponta da língua (ou do lápis).
Como em um rascunho posso escrever, ora registrando palavras pensadas, ora rabiscando ideias soltas; posso ser um tanto confusa entre sinônimos, antônimos e significados ou indecisa se devo usar advérbio de modo ou de tempo. Posso colocar tantas vírgulas, pontos de exclamação ou interrogações quiser (e garanto, não são poucos!). Posso abrir e fechar “aspas” (assim como muitos parênteses).
Como em um rascunho posso criar e suprimir parágrafos. Posso alternar a ordem, melhorar os adjetivos e fazer uso dos substantivos. Devo admitir que fabuloso também é poder escolher que tipo de oração me cai bem, e se o sujeito estará simples, composto ou inexistente (nada de ocultos, definitivamente eles não me atraem).
Como em um rascunho, eu tenho e crio minha história. E até agora, tenho sete vidas, uma tatuagem, um coelho de olhos bem vermelhos, alguns textos escritos, uma margarida acolchoada na cabeceira da minha cama, alguns tostões no bolso e um coração maior que o peito. Tenho também algumas dúzias de sorrisos, o “mamãe” mais aveludado do planeta, muita gente linda pelo caminho e uma enorme vontade de continuar escrevendo. Uma vontade que nada para, nada muda.
Vontade de continuar escrevendo meus dias, minha vida, minha história. É certo que por vezes devo trocar uma palavra aqui, conjugar outro verbo ali, modificar um sinal gráfico acolá. Mas sem culpa por borrar uma linha ou outra, por nem sempre ser coerente na sequência lógica dos fatos, por desalinhar ou desafinar de vez em quando, entendendo que tudo faz parte do processo de criação dessa história, desse livro que é a vida. E principalmente, como em um rascunho, vontade de escrever sem medo. E saber que posso recomeçar sempre que preciso.
Como em um rascunho posso escrever, ora registrando palavras pensadas, ora rabiscando ideias soltas; posso ser um tanto confusa entre sinônimos, antônimos e significados ou indecisa se devo usar advérbio de modo ou de tempo. Posso colocar tantas vírgulas, pontos de exclamação ou interrogações quiser (e garanto, não são poucos!). Posso abrir e fechar “aspas” (assim como muitos parênteses).
Como em um rascunho posso criar e suprimir parágrafos. Posso alternar a ordem, melhorar os adjetivos e fazer uso dos substantivos. Devo admitir que fabuloso também é poder escolher que tipo de oração me cai bem, e se o sujeito estará simples, composto ou inexistente (nada de ocultos, definitivamente eles não me atraem).
Como em um rascunho, eu tenho e crio minha história. E até agora, tenho sete vidas, uma tatuagem, um coelho de olhos bem vermelhos, alguns textos escritos, uma margarida acolchoada na cabeceira da minha cama, alguns tostões no bolso e um coração maior que o peito. Tenho também algumas dúzias de sorrisos, o “mamãe” mais aveludado do planeta, muita gente linda pelo caminho e uma enorme vontade de continuar escrevendo. Uma vontade que nada para, nada muda.
Vontade de continuar escrevendo meus dias, minha vida, minha história. É certo que por vezes devo trocar uma palavra aqui, conjugar outro verbo ali, modificar um sinal gráfico acolá. Mas sem culpa por borrar uma linha ou outra, por nem sempre ser coerente na sequência lógica dos fatos, por desalinhar ou desafinar de vez em quando, entendendo que tudo faz parte do processo de criação dessa história, desse livro que é a vida. E principalmente, como em um rascunho, vontade de escrever sem medo. E saber que posso recomeçar sempre que preciso.
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