Quer beber alguma coisa?

Fazendo uso de palavras, acentos e sinais de pontuação na tentativa de traduzir os gritos e os sussurros da alma...

3 de março de 2012

Do querer


Tinha vontade de um lugar seguro, onde eu pudesse fechar os olhos e, como quem voa, ser leve e levada ao vento. Na verdade, eu tenho vontade. Eu quero. Aqui mesmo. Tenho as certezas do chão, mas quero também flutuar. Sonho, sonho muito, sonho sempre, de olhos bem abertos, e isso me motiva a viver. Viver para viver mais e mais. Viver para alguém, para os outros, em favor de outros. Simplesmente viver! Quero viver com mais sorrisos para iluminar aquilo que parecer turvo ou desconhecido. Se necessário, quero também mais lágrimas para lavar a alma e regar a terra seca. Quero gritos para cobrir os sussurros, gritos de ecoar e balançar a cabeça. Quero ver tudo o que puder para saber o que existe e quero sentir para acreditar que também existe aquilo que não vejo. Quero amar, sem medida nem estranhamento, sem dúvidas e repleta de disposição, para jamais me esquecer de que não morri, estou viva! Estou viva e vivendo. Quero saber ver o todo, o conjunto, o coletivo, mas quero saber também singularizar para nunca deixar de entender que cada pessoa tem sua forma. Quero histórias para paradoxar a vida, quero histórias que façam e contem a minha vida. Desejo deixar em cada uma delas um pouco ou tudo de mim. E eu deixo. Deixo-me inteiramente. Quero permanecer crendo para cada vez mais ter mais fé. Não a mera confiança nas coisas sobre as quais posso intervir, mas a do tipo de me lançar para trás, de olhos fechados. Quero aprender a ouvir para direcionar o olhar, mergulhar e emergir outra, nova de novo. Quero muito. Quero querer, quero mais eu, quero mais tudo. Ingênua ou não, nas palavras encontro a forma mais eficaz de traduzir sentimentos. Seja para compreendê-los, seja para petrificá-los. Às vezes doem, às vezes fazem cócegas. Mas são puramente o que sinto, como os sinto, estão aqui. Flutuando ou tocando o chão, estão indo em direção ao alvo certo. Eles vão. E certamente não voltarão os mesmos.

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